vida segue em frente
que atrás vem gente

enquanto
eu descanso
a formiga levanta
o mundo
vai manso
com ela
distância

LANÇAMENTO VEM CHEGANDO

se de dia anoitece
à noite
o que acontece?

( Poema do Video)

A caixa vazia
voando
era de papelão
e sem fitas
ia voando alto
no azul
longe do chão
e depois parou
repousando
na grama verde
foi aí que reparei
alguém mais via?
a caixa vazia e a grama
se encostavam
em comunhão
sozinha
voltei para casa
pensando
vi uma caixa vazia
na grama verde
descansando

Caixa de Papelão

para ser feliz:

basta encostar levemente
as palmas abertas da mão
fechar os olhos quase com força
e ver pontinhos azuis

eu tenho uma amiga
esquecida e querida
por Santiago ela andou
e não sabe quem eu sou

para o Perivaldo ver:

a casa:

tem uma varanda
a rede que balança
sozinha e à noitinha
floresce no jardim
rosa e jasmim
eu disse que tinha
não demora
a dar amora
naquela moitinha
eu sei que vivo nela
eu ele e ela

Foi assim: quando dei por mim, estava andando naquele parque sem nome, perto da antiga casa. Enquanto caminhava via que da terra brotavam folhas de caderno cheias de versos. Fui pegando todas decididamente, mas fiquei tímida de ler o que não
era meu. Ou era tudo meu? E eu forçava a vista, mas não conseguia ler e fui juntando tudo e lhe disse que daria um livro.
Só consegui ler uma página tão atenta e com tanta força que quase passei de cá para lá e nela haviam rabiscos tão seguros e mesmo tão borrada, entendi. Que continham instruções para se fazer uma alma .Eu queria mesmo entender como se faz, apesar de que nunca farei uma, mas saber é bom.
Essa tarde amanheceu em mim, bem diante dos meus olhos, e então, nós dois deitados de barriga para cima, vendo o céu escurecer e trazer a noite para nossos cantos empoeirados e cheios de dúvida.”


(trecho do meu livro "Pequeno Tempo" que será lançado em breve)

nós dois em um trem
nem vem que têm
nós dois na china
você imagina?

mas nós

dois e a louça na pia
nós dois no dia-dia
e o gato que mia
a vida da minha tia

chove na beira do mundo

, , , , ,
, , ,
,

onde estará Edmundo?

você me olha
as vezes, meu bem
as vezes você me escuta:

é minha a saudade da solidão

O cachorro


Ele é tão pequeno que
caminha nas linhas da mão
sobe pelo monte da lua
descansa na curva do coração

a água fervendo
chaleira tremendo
vem a promessa
cratera rachando

o ovo no ponto

Cara Vanessa,

Seu livro foi escolhido pelo maior programa de compras do governo
federal, o PNBE.

Jorge Sallum

Deixei tudo avisado, escrito em papel branco e pregado na parede com fita adesiva. Avisei dos desejos de solidão às quartas, mas que nada importa é só me deixar ali, que pedra; dos medos, sentimento que pinga (é preciso consertar a torneira)e também das mini curvas pelo caminho, do sol que bate de frente, os túneis...

Ela chora de noite, gemendo baixinho, querendo saber
Alguém sabe do que gosto, que eu mesma não sei
E treme de frio, embora a noite seja de sol
... dança com as pontinhas dos dedos dos pés
“Essa menina ta de brincadeira”
Mas que bandeira?
E lava as mãos em águas invisíveis e depois cansada
Mergulha de corpo inteiro
Jánãoseimaisquemsou
Detrás dela, aberta a janela
Alguém suspira e pensa na sorte.

Penso nos meus irmãos.

suas meias listradas não me dizem quem você é.

alguém quer amora?

acabei de ler alguém:
pedrabruta e suave
corre solta gritando
que não ama ninguém

estou sem poesia
tão crua e reta
prendi o eu-bicho
nunca mais soltei

a carta:

um papel dobrado ao meio
escrito em bordado
tinta azulesperança
método ultrapassado

a vida em um dia
um dia nublado
inverno em mim
verão ao meu lado

depois:

fora do casulo
cor para todo lado
fazendo assim para passar o tempo:
vou até onde o rio começa
vou até onde o rio acaba

ui! um empurrãozinho nas costas já é o sufuciente para o passarinho querer voar.
Mas já é hora?
Ele abre as asinhas vermelhas, coloridas, que recortam o azul pacífico do céu e com seus olhos, duas pitangas negras, pede coragem aos mais velhos.
o mundo é tão largo, ele pensa. E salta!
E lá embaixo alguém diz:
" Como ele sabe que pode voar?"

acerta aqui, ajeita lá,assopra,acende, risca, devolve moço, pede, suplica, machuca os joelhos,vivo! morto! brinda (quantas vezes?), corre, respira, para de respirar, parou? não? chora, reza, planta, pede e pede de novo mas duvida que alguém escute, limpa, joga, atravessa, arranca, é no peito que dói? hum-hum, fala de novo, chove douradinho e ah esquece, é na alma.

, e ainda achava que tinha poucos irmãos no mundo,mas hora dessas percebo que encontrei mais um, e mais um, as vezes se parecem comigo de costas ou ao pé da letra, não que eu precise de gente igualzinha a mim e também nunca encontrei um irmão gêmeo, mas que é bom ver a família crescer é. Como é bom!

Retirou da bolsa uma pequenina sacola de cetim, que usava para fazer previsões. Por acreditar na sorte, além dos mais que nas probabilidades, abriu lentamente as tiras roxas que guardavam segredo. Dentro do dia cinza, minúsculos raios amarelos ocuparam o espaço vazio: o dia era de amém.

...eu disse ou não? O que estava dizendo?
ah... não sei mais...
só há um segredo que desvendei na vida
sou eu mesmo que meu sou:
a nuven, o vento e o sentimento

Uma estrada desconhecida ou encontros que nunca foram esperados: há um segredo por trás das possibilidades, que depende, entre outras coisas, do estado de humor do morador da balança do mundo, que ora quer ver boniteza nas coisas, ora quer ver o mundo rachar ao meio e se doer em lágrimas.MAs vale a pena ir tentando!

eu mereço
tu mereces
ele merece
nós merecemos
vós mereceis
eles merecem

(o meu com calda de chocolate, por favor)

nunca estou só
do meu lado direito
um pássaro pequenino me olha
sempre
uma xícara de café
duas nuvens brancas
sete gotas de orvalho
nesta manhã serena

tudo em seu lugar:
a linha do horizonte
mais reta do que nunca
divide o céu e o mar
à perfeição do deserto
nenhuma folha navega no ar
(e eu? e nós?)

eu tenho um guarda-chuva
que não quer guardar
doces gotas que caem do céu
são para compartilhar

Há um lugar
.bem no centro de mim .
aonde eu posso morar

mas olha:
esperei tanto tempo
que já não me lembro
se o que chegou é
ou o que já foi, ficou .

"Pequeno Tempo" já tem capa!!
ilustrações de Rafael Campos. Para conhecer mais do trabalho dele vá para:www.rafaelcamposrocha.blogspot.com

quatro tijolos
empilhados
na grama verde
foi o que vi
na tarde
de verão

me diga a verdade:

a cama
a boca
o violão
o jasmim

são as Suas invenções?

Ela abriu o armário de roupas e perdeu-se para escolher.
Queria uma vida clara e com motivos floridos.
Achou.
Hoje ela era vida levemente avermelhada, corada e com sapatos azuis.

a alma as vezes
se apaga
como um pequeno abajur
sem luz

A linha firme e corajosa
decidiu subir
para perto do sol
foi até a axaustão
depois jogou-se
rolando para baixo
tomado o folêgo
iniciou a subida
dessa vez mais alta
e comtemplou
voltando de novo
para perto do chão
recuperou-se
e ...

(assim fez-se a montanha)

há um vazio enorme.
mas basta um ponto
para que o vazio
mude de nome

.

pimenta vermelha
no vaso branco
deixa certa gente
longe
que fica olhando
pela fresta da porta
ciúme
dentro de mim
tem um jardim
amém

ah! Não é verdade!
se o mundo roda, eu rodo também.
antes que o tempo amanheça
o hoje de sempre é primavera!

tudo tão ser-tinho
as vezes me da um cansa-cinho
coisa coisinha
todo galho tem um macaco
eu agora? quero-não quero
algo que seja desigual
sobre-natural
não me entenda mal
mas o mundo me parece sempre i-gual!

eu tenho umas amigas tão longe
que para procurá-las
faço um binóculo com as mãos
e miro lá no céu
(será que estão entre as estrelas?)

Alguém muito delicado, acordou hoje disposto
à pintar de lilás
os cantinhos desbotados do céu.

estou no começo de entender,
mas pode ser que não entenda,
o que pensei é que nada é meu mesmo
tudo é eu e outro
por isso ninguém me rouba
e não posso roubar ninguém (?).
ou é do outro o que ele considera?
e meu não é por que não quero (?)
sei do sentimento: não posso nunca ser roubada!

Lancei sementes de palavras nas folhas em branco para ver se nasciam idéias novas. Então, o moço claro e grande me disse que havia luz. Uma luzinha. Pensei, pronto:nasceu uma flor dentro dele. E não é que bem ele faz poesias com a madeira? Só pode ser: o mundo todo é uma imensa coincidência calculada.

o Coração as vezes precisa subir ao palco (nu).

Ela toda disposta a sacudir a poeira.
Jogando água de jasmim do pescoço para baixo,
mesmo que faça cócegas no mundo:
a tristeza vai embora sem olhar para trás.

As gavetinhas escondidas no criadomudo da vida estão se abrindo.
Contém:
novas direções, pílulas para se ouvir a música interna, diversos tipos de aureas e ainda um lindinho manual ilustrado de perdões.

Se não foi ela quem disse
foi ela quem falou:
"mas você é uma menina"

Senão fui eu quem disse
eu quem falei:
"mas eu não sou"

deixando de lado o prisma do mundo

Olha Ana: você
tem a alma quente e
aconchegante

(obrigada)

Ela sussurou debaixo dos lençois quentes: "As unhas não param de crescer e os dentes da menina continuam caindo".

as pessoas-girassóis olham por longas horas as nuvens se dispersando no céu,
até que, percebem que vem surgindo um sol quentinho e aconchegante,
encorajando essas pessoas a se abrirem para os outros.

a noite toda sorridente
com a boca cheia de dentes
enormes estrelas cadentes
gargalhando de contente

o motivo da rosa e corar-se
o da chuva é molhar-se
quer a estrada conhecer-se

o que mais importa?

uma árvore tombou
bem na frente da vida
o vaga-lume embaixo dela, desviou
piscando a sorte
enquanto um vai
o outro fica

(quem ora por nós?)

A onda, seca e cega da vida, lavou a alma dela com decisão e habilidade. Foram varridos para fora do corpo: fracassos enraigados, sorrisos apertados, nó de passado e também outras coisas sem nome. Ficaram as idéias ajustadas, as marés altas e as nove possibilidades de se ser quem quiser. Era tudo o que ela precisava.

quando as gotas caem dos olhos do céu
as pessoas debaixo se abraçam
nas lágrimas carinhosas e quase doces

Respira, prende a respiração, pula. No fundo tem lama? No fundo tem fonte de vida? Ou só água. Nunca é só água, história molhada, suspiro de algas, as escolhas paradas são pedras. Como é lá embaixo?

a manhã já tarde, entrou pelas beiradas do quarto
e foi se encostando nas pontas dos pés de Ana,
para que ela se lembrasse que estava viva.

ou então assim:

(o sol na ponta do dedo de ana
a ana na ponta dos pés da vida)

pensando,

alguma tristesa se enraizou, sete sombras no quarto formaram uma figura, a esperança está lá longe nos dedos do pé.

depois de pensar:

vi uma escada subindo pro nada, suspensa no ar mas bem segura. Vou me arriscar.

meus versos soltos no espaço
passeando pelo universo
vão descendo lentamente
na terra viram semente

e também:
a noite está com gosto de menta
a vida anda descabelada
o ontem acabou escorregando
meu tempo é dentro do peito
o girassol é você!

Ela tinha uma idéia acesa da vida que alguém cismava em assoprar.

fim de semana

asfalto com sede e sem pressa, paisagem balançando suave, braços nos abraçando, sono antigo, sol nascendo de leve, irmãos ao redor da mesa: falamos de futuro, estalamos as taças nos desejos, a terra mais mansa na volta.

aquela porta, sempre trancada e medrosa, que só espiava de longe, respeitava bastante a coragem das outras, admirava mais que tudo aquela de vidro, tão transparente, resolveu desprender-se, carregando uma mala, virou mesmo a esquina do horizonte.

dois olhinhos na chuva, corações bordados no corpo, a vida pedindo colo e eu que já deixei há muito de me perguntar se vale a pena, abri meus braços!

Nem tão poético assim
nem tão pequeno
há sempre duas ou três xícaras e borras de café para leitura
dói sempre do lado de cá
mas olha: eu sempre rego as plantas
com tudo de mais vivo
para ficar um pouco mais viva
e depois saio bem devagar de casa
para deixar claro que não corro dela

Ah ele. Ele estava sério, frequente, com uma ambiçãozinha beliscando seus sonhos. Mastigava lento o prato dos outros, rabiscava a vida com a mão esquerda e apertava parafusos no peito toda manhã. Ah ele! Um poeta coberto de chão e uma promessa de quem. Quem é ele?

1 Concurso de poesia da revista Trapiches. Que delícia ganhar!

meu coração é pipa encostando lá no azul amarelado do céu.

Sabe-se que: as pessoas hoje acordaram com um lado iluminado, colocaram flores nas escolhas e encheram de água levemente doce os potes dos pensamentos. E pensaram que nem tudo é tão finito assim. Ah! Quantas portas tem o infinito!

Peço à alguém que acenda a luz da vida para mim.

as pálpebras fecham suas cortinas sob os olhos,
para não se ver, nem ouvir nada.
Quebra-se o sino do peito.
Silêncio ou então: mais nada.

Ela quer falar das pernas curtas ( nem sempre mentirosas).
Quer alguém que faça bem, uma grama verde e flores amarradas nas costas.
Vai puxando o fio da meada até encontrar na ponta uma idéia amarelada.
Ai que felicidade.

As pessoas hoje ciscaram o chão duro e lamberam todo o pêlo do corpo. Depois dormiram enrolados em si mesmos e sonharam com longas conversas gostosas e engraçadas da qual não entenderam nada quando acordaram.

Para ela, que era terra, raiz forte e pés que procuravam luz bem dentro do solo, o jeito dele, de nuvens dispersas e cabeça de pipa, não deixava de ser divertido. A confusão estava feita: ele vivia tentando enfiar-se debaixo de algo e ela subir o mais alto que podia. Uma gangorra do amor: a vida pode ser tão leve.

Kilômetros de tempo, xícaras vazias, árvores sem copa, fios de diálogo dispersos:eram o que nos separavam. O tempo agora é novo, os copos adoram os tin-tins, os sorrisos bem prontos no peito, as estampas falam tudo. Bem-vindo, querido amigo!

ELa amarrou as sapatinhas levemente apertadas no pé, prendeu os grampos no topo da cabeça com mechas brancas de tempo , puxou dois fios pretos nos olhos e foi rodar contente pelas avenidas.

Esse é um projeto proposto por Vanessa do blog www.fio-de-ariadne.blogspot.com

Aqui vai o meu livro preferido:
Uma escrita espetacular e profunda. Descreve a vida de um jovem que vive entre os delírios do pai que acredita ser um pássaro, uma paixão platônica e a vida cotidiana. Um livro fantástico e pouco conhecido!

Pequenos homenzinhos organizando os fios da vida embaixo da terra. Em dia de bom humor: abrem os portões vermelhos e acendem as luzes do mundo. Ontem dançavam contentes em ritmos alegres, nas batucadas dos palitos de fósforos. Para acalmá-los basta deixar leves doses de amora silvestre na grama do jardim ou dizer sussurrando a palavra marmelada. Eles adoram!

Aquela mulher vestida de esperança
na terceira fila da vida
naquele banco do tempo
que olha tanto para fora:
está renascendo.

chove seco na grama suada: espero.
quem sabe chega, quem sabe não chega?

As pessoas poderiam perceber que por trás daquelas nuvens, brancas e meigas, um horizonte vermelho repousa seus pensamentos. MAs as pessoas preferem abotoar bem firmemente os pregos da camisa e ter todas as respostas do mundo na ponta da língua. O horizonte aguarda com os braços abertos que as pessoas se aproximem para um abraço do tempo, será que elas vêm?

Duas ilhas isoladas. Próximas, radiantes e belas. Uma era grande e abastada, com bananeiras contentes, mas só. A outra era menor, porém igualmente colorida e rica em emoções. Elas sonhavam em se juntar e assim não ficarem mais sós. A grande achava que a pequena quem deveria se aproximar, afinal tinha mais coisas para oferecer. A pequena achava que a maior por ser mais forte, tomaria a frente. Desconfiadas e amarguradas fecharam-se em si mesmas, cada qual com sua beleza. E viveram sozinhas para seempre.

Alberto,

com tanto lugar no mundo, você veioparar justo na mesma gaveta que eu? Não é desgosto não, é algo mais parecido com estreitamento de ânimos ou descolorização. Se me enrolo toda como uma bolinha selvagem e aprecio rolar neste quadradro fechado e escuro com tanto prazer, é para que depois possa amaciar os pés dessa jóvem fulana sem nenhuma espécie de dor. Mas não queira saber o que há por dentro das minhas listras, levemente gastas eu sei, porque esse é o espelho que só eu olho. As outras meias também agradecem a sua reserva e discrição.

Paula.

O arco-íris do mundo se abriu cheio de delicadeza no peito: anunciando tardes frescas, adocicadas e próprias para decisões que envolvem abrir e fechar as paixões. Foi o que deu nas previsões!

Por que não pensei nisso antes? falou sozinha a mulher-flor abrindo suas pétalas, rosas e cheirosas, para a vida. Seus pensamentos cor de cereja deram um colorido ainda mais forte ao seu corpo e seus braços, quando se elevaram, pareciam pontes enormes e firmes, que davam passagem aos outros. "É tão bom descobrir um segredo", pensou sorrindo.

As pessoas hoje acordaram apressadas e escovaram os dentes com um pouco de raiva e saíram logo de casa com medo de perder o trajeto da idéia, que é sempre a mesma e mora do lado direito da vida e nega de qualquer jeito que haja um fim.
Enquanto a grama se espreguiçava no jardim.

Esse é o caso da Josefina: transparente aos olhos de quem a procura. Existe, é palpável, tem uma brancura fina e suave e gosto de amora, embora ela não confirme. Há quem diga que é birrenta, empacada e egoísta. Eu não acho. Ela é bem graciosa quando se enrola em suas voltas com o tempo. E o melhor: tem Josefina para todo mundo!

Quina é a ponta da mesa
a virada da esquina
os dedos da mão unidos
a dobra do joelho
também: a volta do amor
a palavra quebrada
idéia arrependida
A chegada é a saída
vento perdido
nariz adunco
a quina de alguém
A minha quina:
tem dois motivos

Ela entrou pela porta da frente, com a testa larga e olhos comprimidos. Pediu água com açucar para a moça do balcão. Esperou batendo os dedos com força na madeira até tomar o copo nas mãos e virar tudo de uma vez. Só então: olhos nos olhos da moça. Disse que estava tudo acabado. Se virou bruscamente para a porta como quem sai da vida. A moça ficou. Mas não deixou de pensar no que podia ter acabado.

idéias regadas à vinho
mãos coloridas
promessas descompridas
espaço para ter
seis pessoas em volta da mesa
três santos
rosas vermelhas e amarelas
o ano novo vindo a pé
bem tranquilo