terça-feira, março 31

dois olhinhos na chuva, corações bordados no corpo, a vida pedindo colo e eu que já deixei há muito de me perguntar se vale a pena, abri meus braços!

quinta-feira, março 26

Nem tão poético assim
nem tão pequeno
há sempre duas ou três xícaras e borras de café para leitura
dói sempre do lado de cá
mas olha: eu sempre rego as plantas
com tudo de mais vivo
para ficar um pouco mais viva
e depois saio bem devagar de casa
para deixar claro que não corro dela

terça-feira, março 24

Ah ele. Ele estava sério, frequente, com uma ambiçãozinha beliscando seus sonhos. Mastigava lento o prato dos outros, rabiscava a vida com a mão esquerda e apertava parafusos no peito toda manhã. Ah ele! Um poeta coberto de chão e uma promessa de quem. Quem é ele?

sexta-feira, março 20

1 Concurso de poesia da revista Trapiches. Que delícia ganhar!

quinta-feira, março 19

meu coração é pipa encostando lá no azul amarelado do céu.

segunda-feira, março 16

Sabe-se que: as pessoas hoje acordaram com um lado iluminado, colocaram flores nas escolhas e encheram de água levemente doce os potes dos pensamentos. E pensaram que nem tudo é tão finito assim. Ah! Quantas portas tem o infinito!

quinta-feira, março 12

Peço à alguém que acenda a luz da vida para mim.

terça-feira, março 10

as pálpebras fecham suas cortinas sob os olhos,
para não se ver, nem ouvir nada.
Quebra-se o sino do peito.
Silêncio ou então: mais nada.

segunda-feira, março 9

Ela quer falar das pernas curtas ( nem sempre mentirosas).
Quer alguém que faça bem, uma grama verde e flores amarradas nas costas.
Vai puxando o fio da meada até encontrar na ponta uma idéia amarelada.
Ai que felicidade.

quinta-feira, março 5

As pessoas hoje ciscaram o chão duro e lamberam todo o pêlo do corpo. Depois dormiram enrolados em si mesmos e sonharam com longas conversas gostosas e engraçadas da qual não entenderam nada quando acordaram.

terça-feira, março 3

Para ela, que era terra, raiz forte e pés que procuravam luz bem dentro do solo, o jeito dele, de nuvens dispersas e cabeça de pipa, não deixava de ser divertido. A confusão estava feita: ele vivia tentando enfiar-se debaixo de algo e ela subir o mais alto que podia. Uma gangorra do amor: a vida pode ser tão leve.