segunda-feira, abril 27

quando as gotas caem dos olhos do céu
as pessoas debaixo se abraçam
nas lágrimas carinhosas e quase doces

quinta-feira, abril 23

Respira, prende a respiração, pula. No fundo tem lama? No fundo tem fonte de vida? Ou só água. Nunca é só água, história molhada, suspiro de algas, as escolhas paradas são pedras. Como é lá embaixo?

segunda-feira, abril 20

a manhã já tarde, entrou pelas beiradas do quarto
e foi se encostando nas pontas dos pés de Ana,
para que ela se lembrasse que estava viva.

ou então assim:

(o sol na ponta do dedo de ana
a ana na ponta dos pés da vida)

sexta-feira, abril 17

pensando,

alguma tristesa se enraizou, sete sombras no quarto formaram uma figura, a esperança está lá longe nos dedos do pé.

depois de pensar:

vi uma escada subindo pro nada, suspensa no ar mas bem segura. Vou me arriscar.

terça-feira, abril 14

meus versos soltos no espaço
passeando pelo universo
vão descendo lentamente
na terra viram semente

quarta-feira, abril 8

e também:
a noite está com gosto de menta
a vida anda descabelada
o ontem acabou escorregando
meu tempo é dentro do peito
o girassol é você!

terça-feira, abril 7

Ela tinha uma idéia acesa da vida que alguém cismava em assoprar.

segunda-feira, abril 6

fim de semana

asfalto com sede e sem pressa, paisagem balançando suave, braços nos abraçando, sono antigo, sol nascendo de leve, irmãos ao redor da mesa: falamos de futuro, estalamos as taças nos desejos, a terra mais mansa na volta.

quinta-feira, abril 2

aquela porta, sempre trancada e medrosa, que só espiava de longe, respeitava bastante a coragem das outras, admirava mais que tudo aquela de vidro, tão transparente, resolveu desprender-se, carregando uma mala, virou mesmo a esquina do horizonte.